“Como era melhor trabalhar com madeira ou sozinho – o assistente não
contava – do que com os imprevisíveis jovens humanos”.
Considerada uma das principais
escritoras de língua inglesa e uma das melhores contistas da atualidade, a
canadense Alice Munro tem quase duas dúzias de livros publicados em cinco
décadas de carreira. Em 2013, foi agraciada com o Prêmio Nobel de Literatura. No entanto, Felicidade demais, uma coletânea de 10 contos publicada em 2009, é
apenas o segundo livro de Munro traduzido aqui no Brasil. E é uma pena. Ela tem
se mostrado desde o início da carreira uma exímia contista, tendo sido
agraciada com os principais prêmios literários mundo afora.
“Eu não respeitava pessoas que se comportavam como santas”.
Os dez contos de Felicidade demais tem em comum o fato de
serem protagonizados por personagens femininas, todas vivendo situações de
sedução e violência. O primeiro conto, Dimensões,
conta a história de Doree, uma camareira de motel, que vive o dilema de se
corresponder com o marido, Lloyd, internado num manicômio depois de matar os
três filhos do casal durante um surto psicótico. Em Rosto, Nancy corta seu rosto com uma navalha para ficar igual a
deformidade de nascença do seu amiguinho, o narrador da história.
“Algumas mulheres, é claro, são especialistas em homens que elas
imaginam que precisam de apoio – são loucas para passear com você por aí para
mostrar como são magnânimas”.
Em Brincadeira de criança, duas crianças matam uma colega deficiente
durante um passeio da escola. Marlene, a protagonista e narradora, quer fazer
com que o leitor pense que foi acidenta, mas nem ela acredita nisso. O conto
que dá título ao livro tem como protagonista Sophia Kovalevsky, uma das
primeiras mulheres admitidas como professora universitária. Bonita e brilhante,
viveu apenas 40 anos, depois de uma vida dura, lutando pelo seu espaço, quando
conseguiu tudo que almejara, morreu de uma gripe mal curada.
“A cada ano, quando se é criança, você se torna uma outra pessoa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário