“... as burras são as melhores de cama porque a gente sente raiva delas
– têm o dom da carne e o cérebro de uma mosca.”
Segundo volume da coletânea de
contos ereções, ejaculações e
exibicionismos, Fabulário geral do delírio cotidiano traz 34 contos com as
marcas de Charles Bukowski: a maioria é fortemente autobiográfica (esses contos
poderiam ser até mesmo crônicas) e vicejam os traumas, desventuras, amores fracassados
e prisões inesperadas do seu personagem-mor, ele mesmo, ou seu alterego, Henry
Chinaski.
“Sempre achei que só um imbecil
irrecuperável se acorda antes do meio-dia.”
Esse segundo volume de contos
confirma o que já venho dizendo: o Bukowski romancista não é o mesmo Bukowski
contista. Nos contos “o velho buk” é repetitivo não apenas no seu personagem
narrador, mas nas situações em que ele se encontra. São os mesmo ambientes, os
mesmos personagens, as mesmas circunstâncias. Porém, isso não tira a qualidade
de alguns dos seus contos, como Um .45
para pagar o aluguel e Hospício logo
a leste de Hollywood.
“... mas a verdade é que, se não fosse por uma que outra trepadinha
legal, não me faria a mínima diferença se todas as pessoas do mundo morressem.”
Mas o principal objetivo de
Bukowski é alcançado: chocar com suas críticas tudo aquilo com que não concorda
e jogar no lixo o famigerado politicamente correto. E o choque foi tamanho que Fabulário geral do delírio cotidiano foi
retirado das prateleiras da biblioteca Pública de Nijimegen, na Noruega, em
1985, após a reclamação de um leitor que alegava que o livro era “sádica,
frequentemente fascista e discriminatória contra certos grupos (incluindo
homossexuais)”. O bom de Bukowski é que os seus piores livros são melhores do
que a maioria dos livros que existem por aí.
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