Ernest Hemingway fazia parte do grupo de escritores expatriados em Paris, conhecido como “Geração perdida”. No entanto, a vida e a obra de Hemingway têm intensa relação com a Espanha, país onde viveu por quatro anos. Fascinado por touradas, a ponto de tornar-se toureiro amador, usou essa experiência para escrever dois livros que tem as touradas como tema: O sol também se levanta (1926) e Por quem os sinos dobram (1940). Em 1937, resolveu envolver-se na Guerra Civil Espanhola (1936-1939) após ter ido lá cobri-la como jornalista. Em 1952, Hemingway lança o que é considerado a sua obra prima, O velho e o mar. Ganha o Prêmio Nobel de Literatura dois anos depois. Enfrentando problemas de diabetes, hipertensão, arteriosclerose, depressão e perda de memória, suicida-se em 1961.
Acabei de ler O sol também se levanta, considerado pela crítica como o primeiro grande romance do escritor. O livro é um retrato fiel do que o próprio Hemingway chamou de “geração perdida”, termo usado para caracterizar o grupo desiludido com o futuro logo após a Primeira Guerra mundial. A história é narrada em primeira pessoa por Jake Barnes, um veterano de guerra americano que volta dos campos de batalha impotente (em todos os sentidos). Trabalhando em Paris como jornalista, Barnes é apaixonado pela fútil Brett, que, embora também apaixonada, não vê um futuro promissor na relação em virtude da impotência de Jake. Os outros membros do grupo são Robert Cohn (um ex boxeador), Bill Gordon (escritor e veterano de guerra) e Mike Campbell (noivo de Brett e ex milionário).
Apaixonado por touradas (como Hemingway) Jake convida os amigos a Fiesta, um festival de touradas que acontece todos os anos em Pamplona, na Espanha. Na semana em que está na Espanha, o grupo passa o tempo de bar em bar, bebendo vinho, cerveja, chope e absinto, em diálogos que não vão além das futilidades. Esse era o estilo de vida da “geração perdida”, da qual fez parte também Fitzgerald, Picasso, Henry Miller, T. S. Eliot, Matisse, entre outros. Foi o período pós guerra, em que a efervescência cultural da Belle Èpoque deu lugar a um sem número de escritores, poetas e artistas marginalizados que ganhavam dinheiro vendendo suas desilusões e insatisfações, postas em suas obras. Não é, com certeza, a melhor obra de Hemingway, mas é uma ponta de lança para as outras obras de autor.
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