Recebi um e-mail de um amigo da Paraíba citando uma frase do governador Ricardo Coutinho. Tentei checar na internet o fato. Saber se era verdadeira e em que circunstâncias a frase foi dita. Não consegui. A frase é a seguinte: “Quem quer dá aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado.” Logo depois recebi outro e-mail, dessa vez de em estudante de biologia da UFPB, afirmando que o autor da frase não é o governador da Paraíba, e sim de Cid Gomes. Fui checar e realmente a frase é atribuída ao governador do Ceará. A assessoria do governador não confirma a frase, que teria sido dita em Natal, no Rio Grande do Norte num discurso durante um encontro de representante do dois estados para compartilhar experiências sobre o ensino profissionalizante.
Se realmente ela foi dita, é chocante. Seguindo esse raciocínio: e se os policiais militares também fizessem o mesmo e fossem trabalhar nas empresas de segurança privada? Ou melhor, fossem trabalhar para traficantes e milícias para ganhar um troco a mais? E os médicos? Que tal atender apenas aos planos de saúde e particulares? Se a frase realmente foi dita é de uma infelicidade irracional. De uma insensibilidade grotesca. Esse tipo de raciocínio, se realmente houve, não afeta apenas os professores, para quem ele foi dirigido, mas toda a população. Se todos os profissionais do setor público preferir emprestar seus serviços ao setor privado, quem vai atender a população mais carente?
Algo que me deixa particularmente irritado é alguém falar que ser professor é uma missão, um sacerdócio. Não é! É profissão como outra qualquer. Ser policial militar não é um sacerdócio. Ser médico não é uma missão. Se o indivíduo quiser ser missionário ele entra numa igreja e vai trabalhar de graça. Professor, como qualquer outro profissional, tem que ser bem preparado, bem equipado e bem remunerado. E devidamente cobrado em seu desempenho, diga-se. Aproveitando a deixa: por que não usarmos o mesmo raciocínio para os nossos políticos? Quem quer ser candidato deve exercer seu mandato por gosto, e não por salário. Portanto, nada de ajuda de custo, auxílio alimentação, carro com motorista. Que tal?
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