Não gostar de funk, hoje, é sinal
de bom gosto musical. Ser chamado de funkeiro, para muitos, é xingamento. Em parte,
têm razão. Como todo gênero musical, o funk foi “sequestrado” pela indústria cultural
e transformado num mero item mercadológico. E como sempre acontece nesses
casos, a apelação se torna mera estratégia de vendas. Mas na sua origem, lá pelos anos 50 nos
Estados Unidos, o funk tem nomes como Miles Davis e James Brown como seus precursores,
que juntaram o Jazz e a Soul Music para criar um estilo mais dançante. Alias, coube a esse último colocar o funk no
mapa internacional.
Identificado com o movimento
negro norte-americano, o funk deu origem a outros ritmos, como o hip-hop e o
breakdance. Cabe dizer que, na minha concepção, o funk é ritmo, a chamada “batida”.
Não espere de funkeiros, inclusive os clássicos, letras bem elaboradas, poesias.
O funk, desde a sua origem, foi um ritmo feito para dançar!
Aqui no Brasil, muitos afirmam o
ritmo aportou por volta de 1969 e teve como pioneiros Tim Maia e Tony Tornado,
que adotaram o cabelo Black Power e fundaram o Movimento Black Rio. Mas antes disso,
em 1966, um discotecário (como eram chamados os DJ’s na época) magro, alto, com
um bigode vistoso e desprovido de beleza chamado Ademir Lemos já agitava a
Boate Le Bateau, no Rio de Janeiro, com a batida frenética do funk. Inclusive dançando
com os frequentadores da boate! Ele mesmo conta, em tom de brincadeira, que foi
a primeira chacrete da TV, dançando rock na TV Continental. Ademir era um exímio
dançarino!
Enquanto Tim Maia e Tony Tornado
frequentavam os grandes festivais nas principais emissoras de TV do país,
Ademir Lemos lançou o primeiro vinil nacional sem intervalos entre as músicas,
o Le Bateuax Ao Vivo, e fazia os
lendários Bailes da Pesada, que
traíam cerca de 5 mil dançarinos todas as noites. Somente no final dos anos 80
é que se lançou como cantor de funk e em 1991 gravou o LP Um senhor baile, com o seu único sucesso, Rap da Rapa, com samples das músicas Money for nothing, do Dire Straits e Cocaine, de Eric Clapton.
Em 1996, Ademir
sofreu um derrame que o deixou parcialmente paralisado, fazendo com que fosse
morar com a sua filha, em são Paulo. Morreu há exatos 20 anos, no dia 24 de fevereiro
de 1998, por complicações em decorrência de uma queda.