sexta-feira, 30 de maio de 2014
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Rum: Diário de um jornalista bêbado – Hunter S. Thompson
Hunter S. Thompson foi um
jornalista norte-americano, nascido em 1937,
que criou um estilo jornalístico chamado jornalismo Gonzo, em que o
narrador se mistura profundamente com a ação, confundindo realidade e ficção.
Em 1960, Thompson foi enviado para Porto Rico para trabalhar numa revista de
esportes, viagem que lhe serviu de inspiração para sua primeira obra no campo
da ficção, Rum: Diário de um jornalista
bêbado, publicada apenas em 1998 e no Brasil apenas em 2005.
Com uma pegada beat, nesse livro
Thompson descontrói o mito de que o jornalismo é uma profissão glamorosa, excitante,
divertida e revolucionária. Fazendo jus ao seu estilo, o livro é narrado em primeira pessoa e conta a
história de Paul Kemp, que vai trabalhar em Porto Rico, no final da década de
50, em um jornaleco à beira da falência. Enquanto Lida com todo tipo de
intelectuais marginais, os refugos do jornalismo, kemp se encharca de rum, faz
entrevista com emissários do imperialismo ianque e se esbalda no carnaval da
ilha de São Tomás.
Com pais alcoólatras, Thompson
iniciou sua carreira jornalística ainda quando servia na Força Aérea. Durante o
período em que cursou jornalismo na Universidade de Colúmbia, levou uma vida
inspirada no Movimento beat, que também influenciaria sua escrita. Thompson se
matou em 2005 com um tiro de espingarda na cabeça. Deixou um bilhete em que se
mostrava deprimido e se queixava de terríveis dores na bacia, consequência de
uma cirurgia.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Cinema nacional: Um lobisomem na Amazônia
Tendo como ponto de partida o
romance A Amazônia misteriosa, do
médico e escritor Gastão Cruls, que se baseia no clássico A ilha de doutor Moreau, de H. G. Wells, publicado em 1925, Um lobisomem na Amazônia (2005), do
diretor Ivan Cardoso, é tão ruim que chega a divertir. Reunindo um lobisomem,
guerreiras amazonas, um deus inca e o célebre Dr. Moreau, personagem de Wells,
o filme bem que poderia ser mais uma historinha da Xuxa. Mas não é! É terror trash do diretor Ivan Cardoso, conhecido
pelos suas tramas absurdas.
Em busca de uma experiência com o
chá do Santo Daime, um grupo de jovens, liderados por Jean Pierre (Evandro
Mesquita), resolve se embrenhar na floresta amazônica, mesmo sabendo que a
região para onde se dirigiam era palco de crimes brutais e misteriosos. Enquanto
isso, o delegado Barreto (Toni Tornado) e o biólogo Scott Corman (Nuno Leal
Maia) tentam desvendar o mistério. Detalhe: a dupla de experientes atores é
responsável pelas melhores interpretações, roubando todas as cenas em que
parecem.
O filme marca o retorno do
diretor Ivan Cardoso às telonas depois de quase vinte anos. E ele caprichou nas
referências aos clássicos. A primeira delas é logo no início do filme, com uma
homenagem à Psicose, de Hitchcock,
estrelada pela siliconada Daniele Winits. Depois ainda há a presença do Dr.
Moreau, personagem clássico do romance de Wells. O elenco é recheado de
globais, além da já citada Daniele Winits, temos também Bruno de Luca, Pedro
Neschling e Karina Bacchi. Mas a cena mais divertida é a Sidney Magal,
interpretando um deus inca e rebolando como Sidney Magal...
sexta-feira, 23 de maio de 2014
Um povo bipolar
Se pudéssemos diagnosticar o povo
brasileiro com uma doença, com certeza poderíamos dizer que o brasileiro padece
de uma espécie de Transtorno Bipolar, oscilando momentos de liberalidade
excessiva e momentos de um ferrenho conservadorismo medieval. O principal
sintoma desse mal, no caso desse povo que fala um misto de português e língua
nativa e que vive em regiões abaixo da Linha do Equador é uma profunda
hipocrisia de caráter crônico e progressivo.
Entre tantos, poderíamos ver o
caso do filme Praia do futuro, uma
co-produção entre brasileiros e alemães, do diretor Karim Ainouz, que estreou
recentemente e que tem uma cena de sexo entre um salva-vidas e um piloto,
interpretados pelos atores Wagner Moura e o alemão Clemens Schick,
respectivamente. Em Niterói, na Grande Rio, em São Luís, no Maranhão e em
Aracaju, em Sergipe, espectadores retiraram-se do cinema, constrangidos com a
cena.
Em João Pessoa, o público é avisado na entrada
sobre a cena de sexo homossexual e o ingresso vem carimbado com a palavra
“avisado”. O curioso é que ninguém é avisado se o filme tiver cenas de sexo
hétero ou de violência. Ver cena de pessoas se matando pode. Ver cenas de
pessoas fazendo sexo, não. Alias, pode desde que essas pessoas sejam de sexos
diferentes.
Em Sergipe, um imbecil travestido
de espectador de cinema diz que se sentiu “constrangido” ao ver três cenas de
sexo homossexual em 30 minutos e se retirou do cinema. Mas se ele tivesse visto
três assassinatos em 20 minutos nesses filmes hollywoodianos onde se mata por
hobby, será que a reação seria a mesma? Ser conservador não é crime nem demérito. O que causa repulsa no povo brasileiro é essa bipolaridade. Para os “gringos”, somos um povo cordial, liberal, cujas beldades desfilam seminuas no verão escaldante dos trópicos, para deleite dos “branquelos” que vem ao Brasil e se derretem em elogios a esse povo tão “receptivo”.
Para consumo interno, a postura é de intolerância não apenas quando o assunto é orientação sexual. Essa postura de inobservância aos direitos elementares do próximo é vista em todos os níveis: o brasileiro é racista, apesar de ser um povo mestiço (vira-latas mesmo!); na política, Bolsonaro, um notório brutamonte intolerante, já tem até movimento conclamando a sua candidatura à Presidência; as mulheres são importunadas sexualmente no ambiente de trabalho, nas ruas, na escola com muita naturalidade. Como soltar “gracinhas” para uma mulher fosse algo muito natural!
O “cidadão de bem” que se indigna
com uma cena de sexo homossexual na TV ou no cinema, em muitos casos é o mesmo
que deixa sua “respeitável” família em casa e recorre aos serviços de travestis
nas esquinas dos centros urbanos brasileiros. Eis o brasileiro: uma imagem para
consumo público, outra imagem para os mais “íntimos”.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
1933 foi um ano ruim – John Fante
Dominic Molise é um jovem de 17
anos que vive na pequena cidade do estado do Colorado. Ainda sofrendo as
consequências da Grande Depressão, acontecida quatro anos antes, o pai está
desempregado há sete meses, mas toda noite frequenta bares de péssima reputação
e arruma amantes. A mãe é uma fonte permanente de irritação para Dominic, pois
vive rezando na esperança da vida melhorar, mas não toma nenhuma atitude para
que isso aconteça.
E o que resta a Dominic? Aprender
o ofício do pai, pedreiro, e trabalhar até conseguir dinheiro suficiente para
realizar o sonho do pai, abrir uma pequena empreiteira, algo pouco provável; ou
realizar o seu grande sonho e tornar-se jogador profissional de beisebol, algo
pouco provável por Dominic não ter dinheiro para apresentar-se num time para
fazer testes. Ele tem certeza que tem O BRAÇO (uma verdadeira entidade para
Dominic) mais poderoso da história do beisebol e pode ser o instrumento que
tirará a família da miséria.
1933 foi um ano ruim é o oitavo romance de Fante e foi lançado
postumamente por iniciativa de Charles Bukowski, que apresentou sua obra aos
editores nos anos 80, e para quem Fante era “o precursor dos beats” e “um homem que não tem medo de
emoções”. Não estranha a admiração que Bukowski tem por Fante, ambos têm
estilos parecidos, leve e espirituoso, simples, mas não simplista. segunda-feira, 19 de maio de 2014
Cinema nacional: Dores de amores
Onde tem um casal haverá
discussões sobre desilusão, traição, desejo, impotência, atração e ovas
experiências. Não é diferente com o casal interpretado por Fabíula Nascimento e
Milhen Cortaz em Dores de amores (2012),
filme adaptado da peça homônima de Léo Lama e dirigido pelo estreante Raphael
Vieira. A peça foi um estrondoso sucesso no final dos anos 80, encenada por
Malu Mader e Taumaturgo Ferreira.
Depois de dez anos juntos, ele
não consegue mais ter relações sexuais com ela. Se sentindo diminuído na
relação em virtude das cobranças dela, surpreende-se com a proposta da
companheira para que troquem de função no sexo. Para isso, ela compra um
consolo de borracha, que vai se tornar o “personagem” principal da trama.
De um lado um homem frágil,
covarde e inseguro. Do outro, uma mulher irritante e mimada. Entre eles um
pênis artificial como chave para a felicidade do casal. Pouco mais de uma hora
de filme que passa rápido. Apesar de alguns deslizes da produção, um filme divertido. sexta-feira, 16 de maio de 2014
Perdão aos cães
Em Santa Luzia D’Oeste, interior
de Rondônia, o vereador Uesnei Cleiton da Silva (PSB), conhecido como “Nei da
Câmara”, teve o pedido de cassação aprovado pelos colegas por quebra de decoro
parlamentar, ao escrever em um artigo num site da cidade, intitulado "Votar ou não votar: eis a desgraça", que
não adianta votar, pois “a corrupção
vai continuar do mesmo jeito. São sempre as mesmas figurinhas e quando são
mudadas, apenas muda a coleira, mas o latido é o mesmo."
O
vereador deveria ser cassado sim, mas por desrespeito aos cães, animais que se
destacam pela fidelidade ao seu dono ou àquele que lhe dar comida e carinho.
Não é o caso da nossa classe política, incluídos aí os nobres vereadores do
interior de Rondônia. Para justificar a cassação, muitos vereadores alegam que
sofreram constrangimentos nas ruas da cidade, ouvindo perguntas do tipo “Qual
ração você come?” ou “De que raça você é?”. Coitadinhos.
Mas
não foi só isso. Eles alegam que seus filhos sofreram constrangimentos na
escola. Os filhos dos simples mortais
podem sofrer o constrangimento de não ter uma escola de verdade ou um
atendimento médico adequado, mas os filhos da nobreza, feitos de cristal, frágeis
ao simples toque mundano da verdade, não podem ouvir falar que seus pais são
uns cachorros, mesmo que isso represente uma ofensa ao nosso nobre Canis lupus familiaris.
E
se o problema fosse somente na longínqua e inexpressiva Santa Luzia D’Oeste,
tudo seria mais fácil de resolver. Mas a cachorrada (perdão Luluzinhos!) é
generalizada. Mês passado o presidente do Senado, Renan Calheiros foi á Roma para
celebrar a canonização do Padre Anchieta (e o que eu tenho com isso?) recebendo
diárias de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais). O que eu levo um mês
inteiro para ganhar, trabalhando muito e sem a ajuda de santo nenhum.
No
Amapá, em 2013 os deputados estaduais embolsaram R$ 19 milhões em diárias, mas
alegam que não tem dinheiro para terminar a construção de um centro de saúde
cujas obras estão paradas há um ano.
Cá
entre nós: DÁ PRA CHAMAR ESSE POVO DE CACHORRO?
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Numa fria – Charles Bukowski
Publicado nos Estados Unidos em
1983, Numa fria só chegou ao Brasil
dez anos depois. Com 36 contos, não difere muito dos outros livros de contos de
Bukowski: Henry Chinaski, alter ego do autor, continua sendo o personagem da
maioria das histórias e sua acidez e pessimismo estão em todas elas, firmes e
fortes.
O amor é uma espécie de preconceito. A gente ama o que precisa, ama o
que faz a gente se sentir bem, ama o que é conveniente. Como pode dizer que ama
uma pessoa quando há dez mil outras no mundo que você amaria mais se
conhecesse? Mas a gente nunca conhece.
Um escritor bêbado, que não se
enquadra nos esquemas das editoras, que vive de beber nos piores bares, com as
piores companhias e muda de mulheres com q frequência com que o sol nasce todo
dia. Esse é o personagem presente nos contos de Bukowski, tenha ele o nome do
seu ater ego, Henry Chinaski, ou não.
As únicas pessoas que sabem de piedade são as que precisam dela.
Pessimista, descrente da
humanidade e de qualquer relação social, exceção feita quando a pessoa em
questão vai fazer sexo com ele, o personagem dos contos de Bukowski carrega um
forte viés autobiográfico.
Uma fêmea raramente se afasta de uma vítima sem ter outra à mão.
A genialidade de Bukowski nos
romances não se reproduz nos contos. A fórmula se repete conto após conto. Mas
isso não quer dizer que a qualidade da sua escrita fique comprometida. Bukowski
é Bukowski e o mais banal dos seus textos merecem a atenção dos amantes da boa
literatura. segunda-feira, 12 de maio de 2014
Cinema nacional: As três Marias
Poderíamos dizer que As três Marias (2002), do diretor
Aluísio Abranches, é um filme esquisito com um roteiro nada original. É verdade
que filme tem suas esquisitices, mas o roteiro é apenas aparentemente comum.
Baseado numa poesia de cordel e com roteiro original de Heitor Dalia e Wilson
Freire, o filme conta a história de Filomena Capadócio, cujo marido e os dois
filhos homens foram assassinados a mando de Firmino Santos Guerra, a quem
Filomena abandoou no altar anos antes.
Para vingar o crime, Filomena
convoca suas três filhas, todas Marias, a vingarem a morte dos parentes,
contratando, cada uma, um matador. Nada original se não fossem os símbolos
espalhados ao longo da história, como a cena em que Filomena recebe a notícia
dos assassinatos, nos fundos da casa aparece um jardim de cactos, numa
representação da vida que esperava Filomena viúva, sem amor, sem sentimentos,
sem esperança.
O encontro das três irmãs com os
matadores contratados para vingar a morte do pai e dos irmãos também é cheio de
símbolos. Zé das cobras (Chico Díaz) vive na companhia de cobras e não fala com
mulheres; Cabo Tenório (Tuca Andrada) é um policial que só age dentro da lei,
apesar de ser matador; e Jesuíno Cruz (Vagner Moura) é um sujeito que acredita
na dualidade do homem, não sendo a toa que tem uma cicatriz que divide seu
rosto ao meio.
Mas o filme também tem
esquisitices, principalmente quando as três irmãs, Maria Francisca (Júlia
Lemmertz), Maria Rosa (Maria Luísa Mendonça) e Maria Pia (Luiza Mariani), estão
em cena. Apesar do filme se passar no Nordeste, as irmãs não têm sotaque da
região e vestem roupas modernas. Sem contar que aparecem do nada e não se sabe
de onde vem. Mas são apenas “pecadilhos” que não comprometem filme.
sexta-feira, 9 de maio de 2014
Uma música para a vida toda
Até os meus vinte e cinco anos
ouvi, de segunda a sábado, às 18 horas, numa rádio na cidade em que nasci e
vivi até então, uma música que viria marcar minha vida profundamente. Não sei a
partir de que idade comecei a prestar atenção nela, mas o fato é que ela veio e
ficou. Todos os dias (ou quase todos os dias) lá estava eu a ouvi-la,
paralisado, compenetrado, sem entendê-la, já que era cantada em latim, mas
música boa é aquela que, mesmo sem entendê-la, sabe-se que é de qualidade. Era
a Ave Maria, de Gounod.
Escrita pelo compositor romântico
francês Charles Gounod, em 1859, tendo como base o Prelúdio nº 1 em Dó Maior de
Bach, escrito 137 anos antes, tinha como título original meditação. Logo depois, teria feito alguns ajustes na melodia,
incorporado o texto da Ave Maria e a teria dedicado a uma namorada. O resultado
é o que se ouve: a canção mais bela que um ser humano conseguiu fazer. Há aqueles
que têm uma música que marca uma fase ou um acontecimento na sua vida, eu tenho
uma música que marca a minha vida inteira.
Aos vinte e cinco anos mudei-me
para o norte, mas aquela música ficou na memória. Ouvi várias versões da
melodia em várias ocasiões, mas aquela versão, interpretada por uma “cantora”
que eu não sabia quem era, continuava me marcando profundamente. Tentei
descobrir quem cantava, através das redes sociais perguntei à rádio e não
obtive resposta.
Até que, na semana passada,
baixei mais de sessenta versões da música, na esperança de encontrar aquela voz
novamente. Por ironia, ela me surgiu somente na sexagésima versão. Estava lá, a
“cantora” era Stevie Wonder. Fiquei surpreso, imaginava uma cantora. Mas somente
um intérprete privado de um dos sentidos poderia colocar tanto sentimento,
tanta melancolia numa canção já tão impregnada de sentimentos.
Pode parecer estranho que um ateu
possa ter uma admiração tão incontinenti por uma música religiosa, mas música
não tem religião, tem qualidade, tem poesia. quarta-feira, 7 de maio de 2014
Crack-Up – Francis Scott Fitzgerald
Logo após a morte do escritor
americano Francis Scott Fitzgerald, em 1940, seu amigo, o também escritor,
crítico e historiador Edmund Wilson, editou e publicou alguns dos seus escritos
inéditos. É o que de mais próximo que se tem de uma autobiografia do escritor
americano. São anotações, aforismos, ensaios e parte da sua correspondência com
outros escritores.
Fitzgerald alcançou a categoria
de escritor de best-seller aos vinte
e três anos e isso vai pesar no comportamento do jovem intelectual boêmio.
Sabia-se que tinha enfrentado problemas com alcoolismo, mas nunca se tinha
ouvido e lido nada do próprio Fitzgerald sobre isso. Em Crack-Up, encontramos um escritor mostrando as próprias entranhas, falando
abertamente sobre o seu colapso mental e a depressão que o assolou por longos
anos.
Parte dos ensaios que constam do
livro foram originalmente publicados na revista Esquire, e a crítica não gostou nem um pouco, exatamente por ser
visceral demais. O bom dos ensaios é conhecer por dentro o escritor talentosíssimo,
que gastou seu charme à vontade, mas que no final da vida afunda numa mistura
de melancolia e álcool. Nem por isso deixou de produzir e produzir bem... segunda-feira, 5 de maio de 2014
Cinema nacional: Insônia
Baseado no livro homônimo de
Marcelo Carneiro da Cunha e dirigido pelo diretor gaúcho Beto Souza, Insônia (2012) conta a história e os
conflitos da adolescente Cláudia (Lara Rodrigues), 15 anos, órfã de mãe desde
os cinco, que vive com o pai, Rafael (Daniel Kuzniecka), que vive afundado no
trabalho desde que a esposa morreu. Numa viagem de trabalho do pai, Cláudia
conhece Andreia (Luana Piovani), uma jovem independente que se apaixona por
Rafael sem saber que ele era o pai da sua amiga adolescente.
Com uma amiga bem mais velha que
se torna namorada do pai, um amigo anônimo que lhe manda poesias e mensagens de
apoio pela internet sob o pseudônimo de “Insônia” e a falta de desenvoltura com
os meninos da sua idade, Cláudia administra seus conflitos de forma bem
espontânea. Com um roteiro criado coletivamente e supervisionado pelo autor do
livro, o filme perde uma oportunidade de aprofundar a trama, se atendo a uma
história rasa.
O filme também se recente dos
recursos datados. Não por culpa do diretor ou do roteiro, mas por que o filme
começou a ser rodado em 2007, época do Messenger, recurso muito utilizado pela
personagem Cláudia para conversar com “Insônia”. Mas devido a problemas com a
captação de recursos, o filme só foi concluído em 2012 e só foi distribuído
dois anos depois, já na era do WhatsAPP. Mas isso não compromete o filme, vale
a pena dá uma olhada...
sexta-feira, 2 de maio de 2014
IRRF
Na última quarta-feira, acabou o
prazo para a declaração do Imposto de Renda. Fiz a minha em meados do mês e
tive uma surpresa. Durante o ano de 2013 sempre via aquela famigerada sigla me
surrupiando uma fatia expressiva do meu salário. Todo mês era uma lamentação
só, não tinha como escapar, não tinha como sonegar, me sentia como aquele
pedestre distraído que o pivete aproveita para meter a mão no fundo do seu
bolso, levar seu dinheiro e sair em desabalada carreira. A famigerada,
malfadada sigla a que me refiro é a IRRF, que significa Imposto de Renda Retido
na Fonte.
A minha (péssima) surpresa ao
fazer a declaração do Imposto de Renda em meados do mês foi que, sob essa sigla
horripilante, me garfaram um mês de salário. UM MÊS DE SALÁRIO!!! Durante um
longo e exaustivo mês eu tive que trabalhar DE GRAÇA para o governo. Trabalhei
um mês inteiro para pagar as viagens e diárias do Renan Calheiros, quando eu
não viajo em sem receber, muito menos com diária. Trabalhei um mês inteiro para
pagar as passagens aéreas para os deputados visitarem “suas bases”, não sendo
eu base de ninguém. Trabalhei um mês inteiro para pagar a conta do telefone do
gabinete do deputado Fulano que nem me representa.
Os mais legalistas podem alegar
que meu suado salário pode ter servido para bancar algum serviço essencial,
como saúde, educação ou segurança. Acho pouco provável, mas vamos admitir que
sim. Trabalhei um mês inteiro para bancar um serviço essencialmente porco (que
me perdoem os habitantes da pocilga)! Serviços que não funcionam ou funcionam
mal e porcamente! Serviços que não compensariam um dia do meu trabalho. Uma
hora que seja! Com a astúcia de um “dimenor” de rua, com a sutileza dos
batedores de carteira, o governo mete a mão no bolso do brasileiro sem dó nem
piedade.