segunda-feira, 2 de abril de 2018

Hollywood – Charles Bukowski


“Dinheiro é como sexo. Parece muito mais importante quando a gente não tem...”
Sem metáforas, sem alegorias. Assim são os diálogos de Bukowski. E é nessa simplicidade que reside a genialidade do velho Buk. Em Hollywood, quinto romance do autor, publicado em 1989, não é diferente. Nele, Henry Chinaski, um escritor de contos e poesias, recebe um convite para escrever um argumento para um filme de longa-metragem. Apesar de ter aversão ao cinema e à pompa Hollywoodiana, Chinaski topa o trabalho por causa dos vinte mil dólares prometidos e pagos. E não esconde isso de ninguém.
“Contar histórias repetidas vezes parece tornar elas mais reais do que devem ter sido.”
A reação dos fãs não é positiva. Muitos o acusam de ter se vendido. O que ele não nega. Bukowski tenta levar a discussão para o fato de seu alterego conseguir manter ou não sua autenticidade mesmo trabalhando por dinheiro. A linguagem e o estilo do próprio livro mostram que não. O velho Bukowski continuou o mesmo, com sua linguagem crua e desconcertante, o seu (mau) humor ácido e sua sinceridade que beira a deselegância.
“Meus inimigos são minha fonte de renda. Me odeiam tanto que se torna um caso de amor subliminar”.
É publico que Bukowski tinha aversão ao cinema e a Hollywood e o romance foi escrito a partir da experiência vivida por ele em meados dos anos 80, quando foi convidado a escrever para o cinema. O velho Buk aceitou por dinheiro. E não escondeu isso de ninguém. Não é preciso dizer que Hollywood, a exemplo de toda a sua obra, é extremamente autobiográfico. Independente do tema abordado, sempre vale a pena ler Charles Bukowski.

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